Aula de 26/05/1992 – O herói moderno. Sobre o percepto e o caos subjetivo

(…) Isso se chama caos subjetivo. É o caos no próprio espírito. A imaginação é um caos subjetivo. Se por acaso houver um enfraquecimento desse conjunto de regras que governa o sujeito que nós somos, esse caos sobe. Ele não para de subir, nos ameaça o tempo inteiro. As grandes filosofias sempre o encontraram, não há filosofia que não o tenha encontrado. O sonho, o delírio, a loucura – é esse caos tomando conta de nós. Então, a função desse conjunto de regras é afastar o caos subjetivo. E essas regras o vencem produzindo um tempo que se orienta do passado para o futuro. É isso que se chama bom senso: a orientação do tempo do passado para o futuro. (…) O bom senso nunca nos deu a realidade do abismo do tempo. (…) (…) Se o caos é criador, e se a vida se afasta dele, ao se afastar, ao constituir um conjunto de regras, perde o poder de criação. Aluno: Mas a vida passaria sem esse conjunto de regras? Claudio: Não. Mas a vida também já estaria estancada se não houvesse meios de se produzir novos mundos.

(gravação com ruídos, porém perfeitamente compreensível)

Parte 1:


Parte 2:


Parte 3:


Parte 4:


 

 

14 comentários em “Aula de 26/05/1992 – O herói moderno. Sobre o percepto e o caos subjetivo”

  1. gostaria de saber quais sao os nomes dos dois fenomenologos citados no inicio da aula alem de merleau-ponty , repeti dezenas de vezes e nao consegui detectar, desde ja agradeco , e como faco para receber atualizacoes no email , ja q atraves do formulario no topo do site nunca recebi nada , abs

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  2. continuo querendo saber os nomes dos dois fenomenologos citados por claudio no inicio da aula alem de merleau-ponty , e inaudivel , se possuirem a transcricao , abracos…

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    1. Olá, Gabriel
      Na verdade, todas as aulas do Claudio se complementam. Sua prática como professor era de fato rizomática. Se você procurar o momento em que ele começou a tratar de uma certa questão, não encontrará. Não há um começo, nem uma evolução, no sentido clássico. Muitas vezes você tem a impressão de que uma aula é a cópia da outra; e depois, ao ouvi-la integralmente, descobre que não, que ela é o complemento da outra; ou até um “desvio” da outra. Este era o método de Ulpiano para desenvolver um entendimento profundo e criativo nos alunos, ao invés de um puro conhecimento enciclopédico. Assim ele conjurava a erudição em prol do pensamento. No entanto, se você escolher as aulas a partir das datas, verá que num determinado período ele tratou mais exaustivamente de uma questão – este seria um método de complementar as aulas. Porém, mesmo esta aparente complementaridade, mais linear, ao nos aprofundarmos nela, se revelará uma ilusão. Com a escuta sistemática das aulas, sempre acabamos percebendo isso.
      Um abraço, Os Editores

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  3. Dando uma mãozinha ao Protus: um dos autores de fenomenologia que o Cláudio menciona é Henri Maldiney. (que o Deleuze cita muito, por exemplo, no livro sobre pintura- “Francia Bacon”) O outro não consegui entender.
    Abç.

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  4. gostaria de obter a resposta do pensador citado por claudio alem de maldiney e se claudio alguma vez citou em aulas ou conheceu um pensador portugues seu contemporaneo q viveu no brasil chamado agostinho da silva que chamou minha atencao , aguardo resposta da editoria , abracos …

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  5. gostaria de obter a resposta do pensador citado por claudio alem de maldiney e se claudio alguma vez citou em aulas ou conheceu um pensador portugues seu contemporaneo q viveu no brasil chamado agostinho da silva que chamou minha atencao , aguardo resposta da editoria , abracos …

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  6. Olá a todos,

    Como sempre, mais uma belíssima aula. Também tenho a dúvida do colega “protus”, sobre o pensador citado pelo profº Cláudio naquele mesmo trecho. Aproveitando, só não me ofeço para colaborar porque tenho déficit auditivo, mas enriqueceria muito o propórito do site se pudessem oferecer a transcrição das aulas gravas. No meu computador, por exemplo (windows XP) o áudio não “entra” com qualidade. Fica aqui a sugestão. grato / / abraços

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    1. Olá, Clau

      Transcrever as aulas é um dos nosso objetivos. Já conseguimos transcrever mais ou menos 50 aulas, mas é um trabalho longo e delicado. Primeiro fazemos a transcrição bruta, depois o copy-desk, finalmente a edição onde tentamos manter o movimento de uma aula oral no texto escrito. Somos uma pequena equipe, mas estamos tentando conseguir mais recursos. Quanto ao pensador citado pelo Claudio, nosso colaborador Tadeu já conseguiu descobrir quem é: “é Erwin Straus, de quem Deleuze cita o livro “Du sens des sens”.
      Um abraço, Os Editores

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  7. Lendo o “O que é a filosofia, dei de cara, por acaso, na “Conclusão” com o autor “misterioso” que o Cláudio menciona, ao lado do Maldiney, no início dessa aula: é Erwin Straus, de quem Deleuze cita o livro “Du sens des sens”.
    Abçs.

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  8. Chega a ser comovente o esforço de Claudio no sentido de esclarecer (“melhorar”) para os seus alunos a compreensão da primeira síntese do tempo. Um verdadeiro mestre! Uma honra usufruir desses maravilhosos momentos. Prova de que o passado não existe. É sempre presente!

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